Visita à Embaixada brasileira em Londres

Ao final da tarde a delegação brasileira foi recebida pelo Embaixador brasileiro em Londres, Roberto Jaguaribe. Em meio à degustação de um genuíno café brasileiro acompanhado de bolinhos de queijo, o Embaixador saudou a iniciativa do Ministério da Justiça, através da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos - SESGE, de viajar a Londres para buscar o conhecimento da polícia inglesa na preparação das Olimpíadas 2012.

Destacou a ascensão do Brasil no cenário esportivo internacional com a realização da Copa do Mundo FIFA 2014 e as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016, bem como a disponibilidade do governo inglês em auxiliar o Brasil nesta empreitada.

Ao final do evento, após as palavras do chefe da delegação, Delegado da Polícia Federal Luiz Carlos de Carvalho Cruz, o Capitão Marco entregou ao Embaixador uma lembrança da Brigada Militar, a qual consistia em uma reprodução em vidro do mapa do Estado do Rio Grande do Sul, com o brasão da Brigada Militar ao centro. O Embaixador ficou muito contente com o presente, que acabou sendo o único dado por integrante da delegação ao diplomata. Ao falar sobre a lembrança recebida, o Embaixador destacou as virtudes do povo gaúcho e de suas ligações com o Estado, pois sua esposa é natural da cidade de Pelotas.

Olimpíadas 2012: Empresas privadas de segurança

Na parte da tarde fomos recebidos no Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, onde tivemos duas palestras com empresas de segurança privada que serão responsáveis pela segurança dos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres. Por questões de segurança, todos os integrantes da delegação tiveram que deixar seus celulares, máquinas fotográficas e laptops na recepção do Ministério.

As empresas KPMG e G4S foram responsáveis pelo plano operacional de segurança dos jogos, inclusive auxiliando na definição do número, perfil, treinamento e posto e graduações dos policiais que atuarão diretamente nos jogos olímpicos. Entre os clientes destas empresas estão a FIFA e a UEFA.

Para os Jogos Olímpicos a estrutura da G4S prevê:

- 10.000 pessoas nas instalações esportivas e de recepção de atletas;

- 23.700 trabalhadores no total do evento;

- mais de 16.000 pessoas já treinadas;

- cães para busca de explosivos e drogas;

- equipamentos de busca pessoal e de veículos.

A empresa KPMG já está presente no Brasil, com escritórios em 14 cidades, sendo 10 em cidades sede de jogos da Copa do Mundo de 2014, incluindo Porto Alegre. O caderno de serviços apresentados ao Comitê Organizador Local - COL -tem a seguinte capa:

"De Londres para o Brasil

Partindo da experiência obtida para entregar a Copa do Mundo FIFA 2014 com segurança"

Embora em português "safe" e "secure" tenham o mesmo significado: seguro, segurança. Em inglês elas são utilizadas com significado distinto. "Safe" é utilizado para a segurança produzida pela segurança privada (Stewards) e "secure" para a segurança pública (policiais).

Visita à UKFPU: Unidade responsável pelo policiamento em estádios de futebol

O último dia de trabalho da delegação brasileira em Londres iniciou com uma visita à United Kingdom Football Unit - UKFPU. Ao contrário do que possa parecer, não se trata de uma unidade de policiamento ostensivo em jogos de futebol, mas sim uma agência policial responsável pela coordenação e controle de todos os jogos de futebol que ocorrem nas diversas ligas do Reino Unido, bem como por apoiar órgãos policiais estrangeiros quando algum time ou seleção do Reino Unido viaja em jogos oficiais.

O diretor Bryan Drew, Comissário aposentado da Polícia Metropolitana de Londres, nos explicou que todos os países europeus possuem uma unidade policial equivalente à UKFPU e que trocam informações semanalmente durante as disputas dos campeonatos de times e seleções europeias.

O Comissário destacou que caso uma das seleções do Reino Unido (Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales) se classifique para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, a UKFPU será o ponto de ligação da polícia brasileira no Reino Unido para obter informações sobre o número de torcedores que viajarão ao Brasil, quem são, que hotéis se hospedarão, comportamento dos torcedores, etc...

O senhor Brian também explicou como a polícia do Reino Unido conseguiu praticamente acabar com os Hooligans, as violentas torcidas organizadas inglesas. O primeiro passo foi a criação de uma legislação severa relativa ao tema. Cada ocorrência de desordem, tumulto ou agressões envolvendo torcedores tem uma resposta pronta e rápida da justiça, sendo que as penas variam da advertência ao banimento dos jogos de futebol. Atualmente cerca de 3.000 torcedores não podem deixar o país quando a equipe pela qual torce ou a seleção de um dos países do Reino Unido joga no exterior. Estes torcedores devem se dirigir a uma Police Station pré-determinada um dia antes do jogo e entregar o seu passaporte e retirá-lo no dia seguinte ao jogo. A polícia de imigração também tem essa relação de torcedores em seus bancos de dados caso eles tentem sair do país com um passaporte falsificado ou outro tipo de documento da união europeia. O não comparecimento ao órgão policial implica em prisão imediata.

Entre outros dados, informou que cerca de 300 mil ingleses foram à Copa do Mundo na Alemanha em 2006, sendo que poucos torcedores se envolveram em desordens. Já na Copa do Mundo da África do Sul em 2010 nenhum torcedor inglês foi preso por desordem, ocorreram somente sete prisões por embriaguez.

Também palestrou a senhora Ruth Shaw, Chefe Executiva da Sports Grounds Safety Authority - SGSA, órgão responsável pela certificação de segurança dos 92 clubes de futebol do Reino Unido, bem como dos 81 estádios de futebol.

Nesta palestra foi falado a respeito do papel da polícia e dos "Stewards", agentes de segurança particular, nos jogos de futebol. Cada clube de futebol contrata seus próprios seguranças, sendo que a responsabilidade pela segurança interna nos estádios de futebol é do Chefe de Segurança de cada clube e não da polícia. Inclusive a revista em torcedores e veículos na entrada dos estádios é feita pelos Stewars. A 1ª resposta em caso de ocorrências é dada por estes seguranças particulares, os quais não portam qualquer tipo e armamento não letal. Em última instância a polícia atua, mas somente após o Chefe de Segurança assinar um documento passado a responsabilidade para os agentes policiais.

Foi citado, com exemplo, o estádio do Arsenal, o qual possui capacidade para 60 mil torcedores. Em um dia de jogo com capacidade total de expectadores são utilizados 720 Stewards do clube e 280 policiais, sendo que deste total apenas 50 policiais permanecem dentro do estádio, em um local estratégico fora das vistas dos torcedores, caso tenham que intervir em algum momento. Mas sempre lembrando que esta intervenção se dará somente após solicitação do gerente de segurança do clube. Cada estádio possui uma sala de comando e controle onde permanecem os responsáveis por cada área de serviços empregados no evento (saúde, bombeiros, polícia e segurança do clube) e as decisões são tomadas rapidamente em consenso.

Alguns clubes treinam seus Stewards, já outros contratam empresas especializadas neste tipo de treinamento. No currículo de formação de uma Steward estão disciplinas como defesa pessoal, relações com o público, atendimento pré-hospitalar de emergência e revista em pessoas e veículos.

Na foto abaixo aparecem, da esquerda para a direita, o Major Décio - PMESP, o Major Piske - PMPR e o Capitão Marco - BMRS, junto ao espaço destinado aos brasões das polícias com as quais a UKFPU já atuou em parceria em eventos esportivos.

Scotland Yard: Visita ao Centro de Comando e Controle

No segundo dia de visita à Polícia Metropolitana de Londres a delegação brasileira visitou o Centro de Comando e Controle de Lambeth, o qual é responsável pela região central da cidade. Existem outros dois centros semelhantes, sendo um responsável pela região sul e outro pela região norte de Londres.

O Centro de Comando e Controle funciona como o nosso serviço do telefone de emergência 190. Em uma sala específica fica o serviço que é denominado “first Contact”, ou seja, o policial que conversa com o cidadão que busca o apoio em caso de ocorrência. Neste local existem 64 posições de telefone. O tempo máximo padrão de espera para atendimento do telefone é de 10 segundos.

Constatada a necessidade de envio de uma guarnição policial, esta demanda é enviada via sistema para a sala de despacho de viaturas, localizada em outro andar do prédio. Nesta sala existem 30 posições de telefone, nas quais os policiais entram em contato direto com as viaturas. A mesa em que fica o policial possui um monitor que acessa as câmeras de monitoramento da área da ocorrência e passa para a viatura as primeiras impressões do local do delito. São cerca de 12.500 câmeras de segurança espalhadas pela região metropolitana de Londres, sendo que parte destas câmeras pertence às companhias de trens e metrô, outras à companhia de trânsito, outras a CCTV, bem como os policiais tem acesso a todas as câmeras de monitoramento privadas que estejam em locais públicos, como por exemplo estádios de futebol

(Chesea, Arsenal, etc...) e Shoppings centers.

O Centro de Comando e Controle de Operações Especiais, o qual é responsável a nível nacional pelo gerenciamento de crises, tais como atentados terroristas, também está localizado neste prédio. Esta é uma das maiores salas de controle do mundo. Possui 156 posições de trabalho, as quais são ocupadas por policiais, bombeiros, pessoal da área médica e militares.

Outra visita realizada hoje foi à sede Scotland Yard, a polícia metropolitana de Londres, onde está localizada a sala de Comando e Controle específica para a coordenação nacional dos Jogos Olímpicos. Neste espaço estão congregados 18 agências, policiais ou não, sob o comando da Scotland Yard. Este trabalho multiagência é facilitado pela integração entre os sistemas de informações destas agências.

Por fim, fomos recebidos pelo Chefe de Polícia de Londres, Comissário Robert Broadhurst (foto abaixo) o qual explanou sobre o papel da polícia metropolitana nos período dos jogos.

O Comissário Broadhurst destacou que a segurança nas áreas internas do parque está a cargo de seguranças privados. Disse que embora isso possa transparecer que a polícia terá função secundária, é exatamente o contrário.

Serão cerca de 1600 eventos no período que antecede aos jogos, bem como no período dos jogos olímpicos e paraolímpicos.

Serão 477 eventos considerados de interesse, dentre os quais shows das cantoras Madonna e Lady Gaga. Serão 47 casas olímpicas espalhadas por Londres, dentre as quais a Brazilian House, destinadas a receber público VIP de cada país, personalidades, políticos e atletas. Além disso, serão instalados 32 telões de alta definição nos bairros e área central para que a população local e turistas possam assistir aos jogos.

Atividades do primeiro dia

No dia de hoje, segunda-feira, a comitiva brasileira foi recebida na sede da Associação dos Chefes de Polícia da Inglaterra, uma entidade não governamental que congrega todos os chefes das 43 diferentes polícias existentes no Reino Unido, e que faz parte do comitê organizador das Olimpíadas.

Tivemos três palestras neste local (foto abaixo), sendo a primeira com a senhora Becky Wise, vice-diretora da Diretoria de Segurança dos Jogos Olímpicos, a qual explanou sobre alguns dados estatísticos sobre os jogos, tais como: atletas de 204 países, segurança deve ser forte mas ao mesmo tempo discreta, 150 Chefes de Estado participarão da cerimônia de abertura, o evento é do país e não somente de Londres, pois ocorrerão jogos em outras cidades (competições de vela e futebol), 25.000 policiais atuarão diretamente no evento, 23.000 guardas de segurança (segurança privada). Neste último ponto foi ressaltado que as ações de segurança (revistas e identificação de pessoas) dentro do Parque Olímpico serão realizadas pela segurança privada. A polícia estará presente, mas somente intervirá e assumirá o controle da situação em caso de perturbação da ordem pública. A previsão é de que cerca de 350 mil pessoas circulem diariamente dentro do Parque Olímpico.

Já a palestra do senhor Pat Shiel, Gerente de programas e Coordenador de equipes dos Jogos Olímpicos destacou o planejamento da segurança dos jogos, os métodos de avaliação de risco de cada instalação, as ameaças externas, as quais incluem até a previsão metereológica e risco de inundações. Disse que a operação de segurança dos jogos olímpicos é a maior ação de logística do Reino Unido após a segunda Guerra Mundial. O programa de segurança iniciou com 5 objetivos básicos: Proteção de instalações, Preparação do efetivo, Identificação e interrupção de ameaças, Prevenção e, por fim, relações internacionais (buscar o conhecimento com quem já realizou os jogos). Destes objetivos derivaram 27 diferentes projetos.

Na parte da tarde visitamos o Parque Olímpico e tivemos uma palestra com o senhor Gary Lewis, Policial da Polícia Metropolitana de Londres que é o Coordenador Geral de Segurança do Parque Olímpico. Ele falou das peculiaridades do parque, tais como sua extensão de 2,5km x 1,5 km, totalmente cercado com uma cerca de 3 metros de altura, eletrificada, com câmeras de segurança, com um total de 7,5 km de extensão.

O senhor Lewis disse que cerca de 70.000 voluntários estarão envolvidos nos trabalhos na área das competições, nos diversos turnos de serviço. A estes juntam-se militares, policiais e os chamados Stwarts (seguranças privados).

Ao final, o grupo fez uma visita guiada ao Parque Olímpico, onde podemos constatar que faltando 144 dias para a abertura dos jogos, algumas benfeitorias ainda estão em fase de construção.

Chegando em Londres

Depois de aproximadamente 15 horas de viagem, com uma escala em Lisboa, cheguei em Londres às 16 horas de ontem, domingo. Não tive problemas na imigração, pois os documentos que eu portava informando sobre a visita técnica, bem como os contatos com os Oficiais de ligação da Polícia Metropolitana de Londres facilitaram minha entrada no Reino Unido. A entrevista com o Oficial de fronteira durou menos de três minutos.

Após passar a imigração, porém, enfrentei um grande problema de ordem pessoal. A companhia aérea extraviou minha bagagem. Em resumo, eu estava apenas com a roupa do corpo, pois na bagagem de mão não se pode levar muita coisa. Preenchi um formulário padrão de reclamação e me disseram no balcão da empresa que em até três dias a situação deveria ser resolvida e minha mala localizada. A entrega seria realizada no hotel, caso fosse encontra até quinta-feira, dia do meu retorno, ou então seria devolvida em meu endereço no Brasil.

Bom, passado o primeiro impacto, me dirigi ao hotel e já no deslocamento comecei a comparar o sistema de transporte de Londres com o de Porto Alegre. Para se deslocar do aeroporto internacional de Heathrow ao centro de Londres, aproximadamente 25 km, o turista tem quatro opções de transporte: Metrô, trem, ônibus ou táxi. Tudo isso sem sair do complexo do aeroporto. Os preços são variados, desde o mais caro, no caso o táxi (50 libras= 150 reais), ao mais barato que é o ônibus (6 libras=18 reais). Existe uma rodoviária dentro complexo do aeroporto, conforme podemos ver na foto abaixo.

O deslocamento leva cerca de 40 minutos à uma hora dependendo do horário de pico de veículos, os quais são os mesmos horários do Brasil.

Em uma das palestras que tivemos hoje foi abordada a questão do sistema de transporte público, o qual é uma das preocupações dos organizadores dos olimpíadas, pois mesmo bem organizado e com várias opções, o sistema atualmente opera quase com sua capacidade máxima nos horários de pico. Por esta razão o governo está incentivando tanto empresas públicas quanto privadas a colocarem o máximo possível de empregados em férias no período dos jogos olímpicos para que estas vagas nos meios de transporte sejam preenchidas pelos turistas.

Também foi salientado que estas Olimpíadas em Londres serão as "Olimpíadas do Transporte Público", pois, por questão de segurança, não será permitido o estacionamento de qualquer veículo particular ou ônibus de turismo em um raio de aproximadamente 5 km do Parque Olímpico.

Bom, antes de terminar este texto não podia deixar de falar da minha bagagem: por causa do extravio da minha mala tive que ir aos eventos com a mesma roupa que viajei, uma roupa informal (calça jeans, tênis, blusa de lã e um casaco de abrigo) não adequada ao padrão do evento, mas todos compreenderam os meus motivos (foto abaixo). Felizmente a mala foi encontrada e entregue no hotel hoje após o meio dia.

Amanhã com certeza estarei fardado e bem identificado com as cores da Brigada Militar.

Brigada Militar integra comitiva brasileira em visita técnica a Londres

O Ministério da Justiça, através da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos – SESGE – está organizando junto à Embaixada Britânica em Brasília uma visita técnica a Londres no período de 05 à 07 de março de 2012, a fim de verificar os preparativos na área de segurança pública para os Jogos Olímpicos que serão realizados na Inglaterra entre os meses de julho e agosto deste ano. A comitiva brasileira será formada por um representante de cada Estado-sede da Copa do Mundo FIFA 2014.

A Brigada Militar, através da Secretaria de Segurança Pública, designou o Capitão Marco Antonio dos Santos Morais, do 3° BOE, para representar o Estado do Rio Grande do Sul nesta atividade de intercâmbio que terá como foco principal:

1) Obter acesso às áreas de interesse de segurança (interior dos estádios: sala de comando e controle, arquibancadas, anéis de acesso, centros de comando móveis e pórticos de checagem) preparadas para as Olimpíadas de 2012 e/ou durante um jogo de grande vulto que esteja ocorrendo durante a data da viagem;

2) Conhecer os locais de credenciamento de jogadores, imprensa e trabalhadores;

3) Realizar uma visita a alguma unidade da polícia, para verificar quais são os equipamentos que serão utilizados no evento;

4) Conhecer os centros de escolta e proteção de VIPs;

5) Conhecer a realidade do transporte público e da mobilidade urbana; e

6) Visitar os centros de controle cibernético.

O embarque da comitiva está previsto para o dia 03 de março e este blog será o espaço para divulgação diária das atividades desenvolvidas.